É aquele que senta no trono, mas nem sempre o que manda no dia-a-dia.
Há pouco mais de um ano, eu usei
este espaço para abordar o termo CEO. Mas, a julgar pelo número de mensagens
que recebo solicitando esclarecimentos sobre a sigla, acho que muita gente não
leu. Por isso, resolvi repetir a dose. Mas aí os leitores que leram vão dizer:
“De novo?” Então, mudei a palavra-título para chairman. Não para disfarçar, mas
porque chairman não deixa de ser a origem remota de CEO.
A tradução literal de chairman é
“homem da cadeira”. Seu primeiro registro escrito na língua inglesa data de
1654, mas sua origem histórica é mais antiga. Reuniões sempre existiram neste
mundo, desde o tempo das cavernas, mas durante séculos, elas não eram tão
confortáveis como costumam ser hoje, com todo mundo refestelado em poltronas
reclináveis.
Antigamente, na sala do trono,
existia uma única cadeira, onde se assentava a autoridade máxima – o rei -- ,
enquanto o resto da corte permanecia em pé. Porém, reis eram transitórios,
enquanto o trono – ou sua representação física, a cadeira – era permanente.
Daí, quem era o rei? Aquele que estivesse sentado na cadeira: o chairman.
Mas e as rainhas, não se sentiam
discriminadas pelo man? Aparentemente não, já que o termo “homem” foi usado
durante séculos como sinônimo de “ser humano”. Na Bíblia, Deus adverte:
“Lembra-te, este homem, que és pó”, e o recado obviamente incluía as mulheres.
O exemplo resistiu séculos afora. Já no século afora. Já no século 20, em 1947,
surgiria a Declaração Universal dos Direitos do Homem, assim mesmo, machista,
embora sem a intenção de sê-lo. Foi a partir da década de 60 que os ventos
mudaram. E aí surgirá a sigla CEO, que não cria confusão porque tem dois
gêneros.
O significado de CEO é chief
executive officer. Officer quer dizer “qualquer funcionário com
autoridade”. Nos Estados Unidos, um
policial é chamado de officer. Chief quer dizer “principal” e excutive é isso
mesmo, o que tem por função executar um trabalho. O CEO é, portanto, o
principal funcionário executivo, o de posto hierárquico mais alto. Ou, em bom
português, o presidente da empresa. No Brasil, até que alguém se preocupe com
isso, a pronúncia de CEO é em inglês, letra a letra: “ci – i – ou “. Ou, tudo
junto, “ciiou”.
Qual a diferença, hoje, entre o
chairman e o CEO? O CEO tem uma função continua: a de se certificar, dia após
dia, que seus diretores estão fazendo o que se espera que façam, e a de tomar a
decisão final caso seus subordinados discordem de algum assunto ou tenham
dúvida quanto à melhor decisão final caso seus subordinados discordem de algum
assunto ou tenham dúvida quanto a melhor solução. Já o trabalho do chairman é
temporário: ele só é chairman quando preside uma reunião do conselho de uma
empresa, no máximo uma vez por mês. No resto do tempo, o chairman até conserva
o prestígio do titulo, mas não tem funções executivas. É por isso que, em
muitas empresas, a mesma pessoa tem duas funções: de CEO e de chairman. No
mínimo, por uma questão de economia. Mas tudo isso depende: há empresas em que
o dono é o presidente do conselho, ou chairman, enquanto o presidente, ou CEO,
é um profissional contratado. E aí, quem tem mais poder de decisão, o dono ou o
executivo? Só a prática responde. Por isso, em qualquer empresa, títulos são
apenas isso, títulos, e o mais importante para quem quer deslanchar na carreira
não é saber quem tem o mais vistoso. É descobrir quem realmente manda.
Artigos de Max Gehringer