Alguém que sabe resolver problemas melhor
que nós, homens.
Calma, este não é um tratado
sobre razão e emoção. Nem uma guerra de testosterona versus estrógeno, ou
estresse contra TPM. Biologia e fisiologia à parte, existe algo que eu venho,
há anos, constatando no mercado de trabalho, e que cada dia me parece mais
óbvio: homens são ótimos para encontrar explicações e mulheres são ótimas para
resolver problemas.
Antes que possa parecer o
contrário, as duas coisas são positivas. Desde tempos imemoriais, a classe
feminina sempre se encarregou daquelas tarefas muito nobres, mas pouco
conhecidas, como proteger os filhos, cuidar das plantações e garantir a
continuidade da vida doméstica. Ao assumir essas funções vitais, as mulheres
deram aos homens um bem de inestimável valor: tempo. Aí, os homens usaram esse
tempo (ou, pelo menos, parte dele) para procurar explicações para os mistérios
da natureza. E foi dessas explicações que derivaram todas as ciências e todas
as grandes descobertas da humanidade.
Quando as empresas surgiram, os
homens, que tinham mais tempo livre, assumiram o comando dos negócios. E, além do
inegável progresso, legaram para a posteridade algumas heranças puramente
masculinas: a burocracia (artimanha para retardar uma decisão), a delegação
(arte de deixar que alguém resolva) e as reuniões (a busca da cumplicidade).
Até que o século 20 chegou, e com ele a globalização e a necessidade de
mudanças cada vez mais rápidas. Num mundo assim, onde cada segundo passou a ser
vital, resolver tudo rapidamente e, acima de tudo, corretamente, tornou-se a
prioridade número 1 das empresas. E isso beneficiou a mulher. É claro que
homens também resolvem e mulheres também explicam, mas, historicamente, isso
sempre ocorreu mais por uma questão de adaptação do que de especialização. Não
que, de repente, os homens vão se render, entregar os crachás e filosofar em outra
freguesia. O mundo nunca progrediu de maneira uniforme. Mas os ventos da
mudança já estão soprando. Até 60 anos atrás, “secretário” era uma profissão
eminentemente masculina. Agora, é esmagadoramente feminina. Simplesmente porque
os chefes homens perceberam que precisavam de alguém capaz de resolver todas
aquelas questiúnculas do dia-a-dia. E secretários não eram bons nisso. Eram
mais de explicar por que as decisões não puderam ser tomadas.
O resto foi conseqüência. Nos
últimos 20 anos, a presença da mulher se expandiu geometricamente no mercado de
trabalho. Como não se espera que o ritmo das mudanças vá desacelerar no século
21, a capacidade de saber resolver, rapidamente e com precisão, será um fator
cada vez mais valorizado. O que me leva a concluir que as mulheres dominarão o
topo da hierarquia das empresas. É apenas uma questão de “quando”, porque elas
ainda encontrarão muita resistência. Mas, num dia não muito distante, um homem
vai receber na maternidade a noticia de que sua mulher acaba de dar à luz. “É
uma menina”, anunciará a enfermeira. E o paizão, transbordando de felicidade:
“Maravilha! Vai ser CEO!”. Mas a boa notícia é que a classe masculina também
sobreviverá, e bem, fazendo o que sabe: em funções de apoio, traçando
estratégias e pesquisando. Os homens só não precisarão mais explicar por que
chegaram tarde em casa. Porque suas esposas chegarão depois deles.
Artigos de Max Gehringer.