Liderança. Esse é um dos temas mais procurados e discutidos
no mundo corporativo da atualidade. Na sua essência, o termo “liderança” está
relacionado à capacidade de influenciar pessoas, de conduzi-las à realização de
um determinado objetivo.
A comunicação está no núcleo da liderança e da gestão
empresarial, uma vez que consiste em um relacionamento interpessoal no qual,
através do processo comunicativo, os líderes procuram influenciar pessoas a
realizarem suas atividades na empresa e a se engajarem na consecução dos
objetivos e metas traçados no planejamento estratégico.
Neste contexto, a comunicação precisa passar a ser encarada
como uma ferramenta estratégica para o exercício da liderança e,
conseqüentemente, para a gestão dos negócios, onde se faz cada vez mais
necessária a compreensão, a participação ativa e o envolvimento dos líderes
empresariais no processo da gestão da comunicação e do conhecimento.
Pela própria natureza da relação, os funcionários tendem a
classificar suas lideranças como os principais canais de comunicação da
empresa. É do líder que as pessoas esperam receber as informações “oficiais” da
organização. É no líder que os colaboradores procuram esclarecimentos sobre os
rumores e boatos que rondam o ambiente empresarial. É no líder que as pessoas
acreditam, pois o líder representa a empresa na mente dos empregados.
É por isso que costumo dizer que a maneira de ver de um
líder, a maneira como ele percebe e como transmite as decisões da empresa
interfere diretamente na percepção dos funcionários. O modo como uma pessoa ou
empresa se comunica com seus interlocutores interfere diretamente no desempenho
e nos resultados.
A comunicação é o espelho da cultura organizacional e se
reflete no processo de gestão, de modo que, se as lideranças de uma empresa não
se comunicam com eficácia, a empresa certamente não se comunicará muito bem.
Não é difícil perceber que hoje muitos dos problemas organizacionais decorrem
justamente da ineficácia de comunicação de suas lideranças.
O problema é que poucas organizações estão de fato
preocupadas em preparar e desenvolver suas lideranças para serem capazes de
transmitir o pensamento e a ação da empresa, destacando, com clareza e
franqueza, as informações mais importantes e os conceitos que precisam ser
absorvidos na mente dos funcionários. Entendendo a comunicação como competência
da liderança, cabe ao líder, não apenas o papel de repassar um alto nível de
informações para a sua equipe, mas fazer com que essas informações se
transformem em conhecimento e isso gere comprometimento e resultados para a
empresa.
Nesta perspectiva, a comunicação precisa ser compreendida
como a linha mestra que gerencia a entrada e saída das informações no
sistema-empresa e nos seus subsistemas-setores. Assim como o sangue tem que
circular regularmente pelas veias e artérias para manter o corpo humano em pleno
funcionamento, a informação e a comunicação devem fazer o mesmo pela empresa,
através de suas lideranças, que assumem papel fundamental na gestão e partilha
do conhecimento, sendo responsáveis diretos pela criação de um ambiente
favorável ao comprometimento dos funcionários para o alcance dos objetivos
organizacionais.
Tenho escutado muitos executivos se queixarem de que seus
colaboradores não estão comprometidos e engajados com a empresa. Uma das
principais causas desse problema é justamente a falta de comunicação, a
escassez de informações por parte das lideranças. Sim, pois não acredito que
nenhum funcionário irá se comprometer com aquilo que não conhece, com algo que
não compreende ou com alguma coisa que não tenham razão para acreditar.
Ora, se o líder não mantém sua equipe constantemente
informada, não partilha o conhecimento do que acontece na organização, não
esclarece sobre os objetivos e metas a serem atingidos, se não administra o
feedback do que foi realizado, se não está preocupado em alinhar os interesses
da sua equipe com os interesses organizacionais, como podem gerar
comprometimento nos funcionários?
Normalmente, os líderes falam “para” os funcionários ao
invés de “ter uma conversa” com eles. Praticam uma comunicação unilateral,
através de uma única via, sem o direito de resposta ao interlocutor, sem que
haja espaço para o feedback, para a checagem se realmente houve entendimento.
Alguns costumam falar muito e ouvir pouco. Muitos talvez não saibam que apenas
7% da comunicação está naquilo que a pessoa diz, enquanto que 38% está no tom
de sua voz e que a parte principal da comunicação (55%) está no comportamento
do indivíduo, no seu exemplo e na sua conduta enquanto líder e gestor de
pessoas.
A escassez de tempo e a tecnologia que dominam o mundo dos
negócios têm dificultado cada vez mais a comunicação face a face entre os
líderes e seus subordinados, entre os líderes e suas equipes de trabalho. Hoje,
as lideranças passam mais tempo despachando e-mails, enclausurados em suas
salas, do que conversando com as pessoas. As decisões sobre os problemas da
empresa são resolvidas virtualmente, muitas vezes sem tempo para a reflexão
crítica sobre suas causas e conseqüências. Isso, quando não acontecem as
“guerras de e-mails” entre as próprias lideranças, que, muitas vezes, estão
separados apenas por uma parede de distância.
Onde está a comunicação face a face, cara a cara, superior e
subordinado? Será que ela está sendo praticada pelas lideranças? Nada pode
substituir a comunicação face a face dentro de uma organização, sem ela todo
relacionamento será superficial, incompleto e com baixos índices de
confiabilidade. É como namorar à distância, mandando recados virtuais, sem
interagir. Será que esse relacionamento vai durar muito tempo? Será que há
confiança neste tipo de relação? Será que as partes acreditam uma na outra?
Será que há fidelidade nessa relação?
Tenho dito sempre que as lideranças se constituem na
principal mídia, no principal veículo de comunicação de uma empresa, sendo
responsáveis, ao mesmo tempo, pelo fortalecimento das relações e pelo
comprometimento do público interno e pela percepção de valor por parte do
público externo. O resto: e-mail, quadro mural, cartazes, folders, caixa de
sugestões, etc., não passa de simples mídia de apoio, ou seja, serve apenas
para reforçar aquilo que foi transmitido "em primeira mão" pelos
líderes da organização.
O problema é que a grande maioria das empresas tem feito
justamente o contrário. Coloca cartazes, manda e-mail, coloca avisos nos
quadros, e acha que está se comunicando muito bem, obrigado! Será que estes
instrumentos garantem a eficácia na comunicação com os funcionários? É possível
mensurar os resultados conquistados pela empresa através destes veículos de
comunicação? Será que estes veículos “frios” são capazes de gerar
comprometimento?
A verdade é que muitas organizações ainda tratam a
comunicação empresarial com superficialidade, esquecendo do quanto ela é
estratégica para o negócio, esquecendo de desenvolver habilidades de
comunicação nas suas lideranças. Na prática, dentro do ambiente organizacional,
as empresas até percebem sua incapacidade de comunicação apontando-a, quase
sempre, como um problema (“faltou comunicação”), mas poucas, poucas mesmo,
conseguem enxergar que somente através dos líderes será possível fortalecer o
relacionamento empresa-funcionário e criar um ambiente onde a gestão do
conhecimento e o compartilhamento das informações sejam capazes de gerar a
cooperação e o comprometimento dos colaboradores.
Não que seja assim tão fácil... Mas encarar a comunicação
organizacional como estratégia do negócio e desenvolver competências
comunicativas nos líderes pode representar o começo de um longo caminho na
direção dos resultados.
E aí? Vai encarar?
Fonte: http://fabioalbuquerque.blogspot.com/2007/04/liderana-como-ferramenta-de-comunicao.html